terça-feira, 15 de julho de 2014

Grande Sertão: Veredas


"Sou nascido diferente. Eu sou é eu mesmo. Diverjo de todo mundo... Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa."

"Mire e veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior."

"Mocidade é tarefa pra mais tarde se desmentir"

"O real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia."

"O que lembro, tenho!"

"o demônio não existe real. Deus é que deixa se afinar à vontade o instrumento, até que chegue a hora de se dançar. Travessia. Deus no meio."

"Confiança não se tira das coisas feitas ou perfeitas: ela rodeia é o quente da pessoa"

"o sentir forte da gente - o que produz ventos. Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura."

"Pensar na pessoa que se ama, é como querer ficar à beira d'água esperando que o riacho, alguma hora, esbarre de correr."

"A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é CORAGEM."

"Viver é negócio muito perigoso"

"Medo agarra a gente é pelo enraizado"

"O sertão é o sozinho... o sertão é dentro da gente... desde o raiar da aurora o sertão tonteia... o sertão é uma espera enorme"

"Sertão
velho de idades.
.... o sertão vem e volta.
não adianta se dar as costas.
Ele beira aqui, e vai beirar outros lugares tão distantes.
Rumor dele se escuta.
Sertão sendo do sol e dos pássaros: 
urubu, gavião - que sempre voam, às imensidões, por sobre...
Travessia perigosa, mas é a da vida.
Sertão que se alteia e se abaixa.
Mas que as curvas dos campos estendem para mais longe.
Ali envelhece vento. E os brabos bichos, do fundo dele..."



(Estes são trechos do livro Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.
Um clássico cuja leitura me fez sentir ainda mais parte da paisagem sertaneja do meu cerrado norte mineiro. Mais brasileiro!)

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