o sujo que é sujo
dos homens que sujara
a roupa, a cidade,
a lavadeira
Bate o sujo em cima da pedra
e bate que bate
e bate rebate
o sujo tão sujo
na pedra tão dura
O rio tão largo
as mãos tão magras
a barriga vazia
o marido doente
os filhos são muitos
o remédio é tão caro
e lágrimas não compram
o pão para a prole
E torce que torce
e torce e retorce
sua própria vida
em cima das trouxas
E o dinheiro suado
caindo em gotinhas
no bolso furado
da lavadeira
que bate e rebate
a vida inteira
o pranto na pedra
a fome na pedra
a honra na pedra
O rio insensível
a fome tão forte
e a vida é tão besta
que lhe dá vontade
de bater a cabeça
na pedra tão dura
e lavar os miolos
para os filhos comerem.
(Fernando Santana Rubinger)
*Poema recitado por Mariângela Diniz no IV Sarau de Música e Poesia do Clube Literário Tamboril "DAQUI", em novembro de 2014.
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