Quem vive nas barrancas do São Francisco sabe o quanto de poesia e mistério esse rio carrega em suas águas.
Todo canto ou verso composto para descrever a beleza ou o sofrimento vivido às margens do Velho Chico sempre fica devendo, é sempre pouco comparado com intensidade dramática do pôr do sol sobre as águas barrentas.
Não é raro acontecer da poesia diluída na água doce do rio ir, displicentemente, tomando conta do coração dos poetas.
A poesia anfíbia do barranqueiro quando fala de amor, tem água clara.
quando fala de ciúme, turva.
quando fala de dor, é pedra cortante no leito seco.
quando é saudade, é apito de vapor.
quando é tristeza, é estiagem.
quando é raiva, é fel de peixe podre na margem.
quando é inocência, é piaba.
quando é da vida que se fala, é carranca, é medo de afogamento, é remo quebrado, é tamboril na praia, travessia, mergulho, canoa, é água, água, água.
Um sarau feito para o rio é uma tentativa de autoanálise coletiva!
"Meu velho rio, sei que existe em nós
Muita coisa em comum! Eu sei que existe!
Na tua voz enluarada e triste,
Eu julgo ouvir a minha própria voz.
E assim te vendo, São Francisco imenso,
A vagar no mundo como eu, a esmo,
Buscando alívio dentro de tu mesmo,
Das nossas vidas eu, à vezes, penso
Que esta fuga na asa da mentira
Faz a tua alma gêmea com a minha:
Tornas canção a dor que te espezinha
E eu canto as mágoas ao tanger da lira!"
(trecho do poema AFINIDADE, de Dóris Álvares, lido por Delin)
Muita coisa em comum! Eu sei que existe!
Na tua voz enluarada e triste,
Eu julgo ouvir a minha própria voz.
E assim te vendo, São Francisco imenso,
A vagar no mundo como eu, a esmo,
Buscando alívio dentro de tu mesmo,
Das nossas vidas eu, à vezes, penso
Que esta fuga na asa da mentira
Faz a tua alma gêmea com a minha:
Tornas canção a dor que te espezinha
E eu canto as mágoas ao tanger da lira!"
(trecho do poema AFINIDADE, de Dóris Álvares, lido por Delin)
"Quando eu me sentir assim num riso leve
Tão doce e puro, e simples e feliz
De tal maneira que não se descreve
no mais belo dos versos que fiz...
Quando eu colher ao longo do caminho
os momentos de luz e de esplendor
Façam silêncio, falem bem baixinho
Eu te encontrarei e tu serás AMOR!"
De tal maneira que não se descreve
no mais belo dos versos que fiz...
Quando eu colher ao longo do caminho
os momentos de luz e de esplendor
Façam silêncio, falem bem baixinho
Eu te encontrarei e tu serás AMOR!"
(da Música a tua espera, de Dóris Álvares e Ilzerita Rodrigues)
Elaine Mourão, atriz, homenageou figuras populares com um poema de Israel Ramos, seu pai |
"Som de cachoeira acalentando o meu sono
Rio que lava tantas e tantas mágoas
Carrega minhas lágrimas
Para salgar mais o mar...
Como não te amar?
Passeio em tuas ruas com carinho.
E nessa troca, há sempre um sorriso,
Um abraço, um beijo a se ofertar.
Sinto-me aninhada nesse amor.
Aqui quero ser plantada
Quando, a contragosto, me for..."
Rio que lava tantas e tantas mágoas
Carrega minhas lágrimas
Para salgar mais o mar...
Como não te amar?
Passeio em tuas ruas com carinho.
E nessa troca, há sempre um sorriso,
Um abraço, um beijo a se ofertar.
Sinto-me aninhada nesse amor.
Aqui quero ser plantada
Quando, a contragosto, me for..."
(trecho do poema de Lúcia Sopas, Pirapora, meu amor)
Cia de Danças Zabelê, homenagem à cultura popular no Sarau para o Velho Chico |