O Clube Literário Tamboril iniciou no mês de agosto de 2018 um novo projeto chamado Negra Ideia, com o intuito de dar visibilidade à literatura afro-brasileira e de promover o diálogo e a reflexão sobre situações relacionadas ao cotidiano de pessoas negras.
Assim que propusemos a ampliação do espaço
para a discussão dessas temáticas na nossa Biblioteca Comunitária, juntaram-se
ao time jovens também interessados em contribuir para a desconstrução de
práticas racistas e preconceituosas em relação às pessoas de pele escura que se
tornaram comuns, infelizmente.
Além de falar de literatura e arte, o grupo tem debatido sobre racismo, empoderamento, representatividade, lugar de fala, protagonismo,
colorismo, racismo reverso, solidão da mulher negra, afrofuturismo,
preconceito, intolerância, diversidade, desconstrução de estereótipos,
literatura afrodescendente, enfim... assunto é o que não falta! (rs).
Percebemos o quanto há de solidariedade e vontade de
atuar para a superação dessas questões. Um exemplo disso foi a doação que
recebemos da Mazza Edições, editora que atua há quase 40 anos na produção e
difusão de literatura afro-brasileira e conteúdos afins.
Assim, que procuramos a editora, fomos recebidos de forma carinhosa e sentimo-nos fortalecidos para iniciar nossas ações, afinal, recebemos um apoio em forma de doação de um rico acervo de literatura infanto-juvenil.
Assim, que procuramos a editora, fomos recebidos de forma carinhosa e sentimo-nos fortalecidos para iniciar nossas ações, afinal, recebemos um apoio em forma de doação de um rico acervo de literatura infanto-juvenil.
Esse acervo foi o ponto de partida para nossa primeira
ação: um encontro com professoras negras da rede municipal de ensino de
Pirapora com o objetivo de iniciar um projeto de representatividade na
literatura infantil.
Utilizando os livros, em que tanto os (as) protagonistas
quanto os(as) autor(as) são negros(as), os educadores irão realizar múltiplas
atividades com as crianças, a fim de promover a reflexão com os pequenos sobre
questões complexas de maneira lúdica e aprazível.
Muitas ideias, fervilham na cabeça de todos nós nesse
momento. Sempre nos incomodou a falta de diversidade e de representatividade na
literatura infantil. Agora temos um acervo nas mãos que nos permite apresentar
às crianças negras histórias com finais felizes, com reflexões, com
protagonistas negros. Quanta falta fez a nós, participantes do projeto, ter
contato com essa literatura na nossa infância.
A representatividade na literatura infantil, em
especial para crianças negras, contribui para construção de suas
identidades tornando-os indivíduos conscientes e empoderados. No período entre
o nascimento e os seis anos de idade, as crianças estão no auge do seu
aprendizado e todas as referências que têm acesso contribuem para
a construção dos conceitos de família, sociedade, relações sociais, de si
próprias e do mundo que as cercam. Autoestima, autoconfiança, autoimagem, são
algumas das contribuições que podem legar o protagonismo negro na literatura
infantil.
Alguns dos livros da Mazza Edições que serão utilizados no projeto |
Chimamanda Adichie, autora nigeriana,
ressaltou em uma entrevista no Ted Talks a importância da
representatividade na literatura para que não haja somente uma história
que contemple os diferentes povos, culturas e lugares. Ela relata que quando
criança os personagens dos livros que lia eram todos brancos de olhos azuis que
viviam em lugares frios. Ao contrário da sua realidade, ela era negra e vivia
em lugar quente.
Sabemos que, além da literatura os demais canais de comunicação devem estar pautados pela diversidade de vozes, culturas e pessoas, buscando-se afastar a ideia de padronização das histórias, e construção de estereótipos. A gente tem que contribuir para alterar essa realidade: escrevendo e lendo literatura afro-brasileira, por exemplo. Nosso trabalho começa, por enquanto, apresentando a diversidade na literatura infanto-juvenil e dizendo todos os dias para nossas crianças: sejam protagonistas também! sejam autores de histórias lindas!
Sabemos que, além da literatura os demais canais de comunicação devem estar pautados pela diversidade de vozes, culturas e pessoas, buscando-se afastar a ideia de padronização das histórias, e construção de estereótipos. A gente tem que contribuir para alterar essa realidade: escrevendo e lendo literatura afro-brasileira, por exemplo. Nosso trabalho começa, por enquanto, apresentando a diversidade na literatura infanto-juvenil e dizendo todos os dias para nossas crianças: sejam protagonistas também! sejam autores de histórias lindas!
O lugar da criança negra é como personagem
principal, também!
Que projeto lindo! Parabéns aos realizadores.
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