quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Gente existe?


"Mamãe, gente existe?" Essa é a fala que abre o texto da peça teatral Pluft, o Fantasminha, da Maria Clara Machado. A pergunta parte de um garoto fantasma que nunca teve contato com gente. 
A frase foi utilizada para compor o tema do INSPIRA BB 2018, evento nacional patrocinado pelo Banco do Brasil para compartilhar experiências de vida e ideias inspiradoras. 
Foi realizada uma seleção com o intuito de conhecer e apresentar, sobretudo para as crianças, histórias pessoais inspiradoras, mostrando que, sim, GENTE existe! Voluntários de todo o Brasil contaram suas histórias de vida, de superação e de doação de si mesmo para causas sociais.
Nossa Bruxa Chachá foi convidada para o evento, em Florianópolis, onde os organizadores do evento recriaram um dos nossos Pontos de Leitura, para receberem as crianças que ouviram as histórias e proezas da nossa Bruxa do bem. 
Um orgulho para nós ter pessoas inspiradoras trabalhando junto da gente e nos ajudando a inspirar as pessoas para repensarem nossa forma de estar no mundo.
A história da Chachá também foi parar no livro do evento, com direito a ilustrações e tudo. 
"... vivia reclamando da falta de tempo e adiando sonhos. Ocupada... não tinha tempo para nada! De repente, algo inesperado e de nome complicado, uma doença rara e assustadora tirou todos os seus movimentos. Um dia, ela simplesmente adoeceu e ficou por dois anos acamada. Não mexia nada, nem um dedinho. Foi preciso reaprender tudo, recomeçar do zero como um bebezinho! Reaprendeu a sentar, ficar em pé, andar, falar, escovar os dentes, se pentear, comer com a própria mão, escrever... Tinha tempo, mas não tinha saúde e prometeu que ao melhorar faria diferente; faria a diferença! 
O caminho foi o VOLUNTARIADO, com a contação de histórias, visita a orfanatos, asilos, abrigos e escolas. Ela se juntou com gente do bem do Clube Literário Tamboril. 
A bruxa Chachá, com boas estórias e alguma fantasia, se sente realizada ao ver crianças com brilho nos olhos"

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Letra de música é Poema?

Nas reuniões semanais do Clubinho da Leitura falamos sobre livros, gêneros textuais e outros assuntos ligados ao universo da literatura, arte e comunicação. 
Além de trocarem indicações de leitura, as crianças têm sugerido temas interessantes para debatermos. Já falamos de poesia, desenho/ilustração e fábulas, por exemplo. 
Mas o último encontro foi particularmente especial: o assunto escolhido foi MÚSICA! 

Como introduzir o tema música nas reuniões de um Clube de Leitura?

É uma questão simples de resolver. Afinal, existe uma discussão antiga sobre letras de músicas serem ou não poesia. 
E foi exatamente isso que discutimos. 
Convidamos um poeta, um rapper e um violonista para a roda de conversa.

Depois de cada um dos convidados se apresentarem os alunos foram chegando a algumas conclusões:
"A poesia que ele falou dá pra cantar" (falavam de um poema que foi declamado na roda)
                 
"O rap é uma música quase falada" (definição de um aluno após ouvir um trecho de Nego Drama)

"Essa música parece até que já tem uma letra" (uma aluna ouve de olhos fechados o solo de Modinha de Chico Buarque, no violão. Sem saber que existe um poema de Vinícius de Morais para essa música, ela percebe a poesia).

Partimos então para a leitura de vários textos pré-selecionados pelos convidados. As crianças marcaram cada texto para classificá-lo como "Poema" ou como "Letra de Música". 
Ao conferirmos juntos o resultado, chegamos todos à conclusão de que não é tão simples colocar cada coisa numa caixinha. 
A gente percebe que algumas coisas funcionam somente para a linguagem da poesia escrita (como os poemas concretos) e outros recursos ficam mais adequados à música cantada (como os estribilhos).
Isso não quer dizer que haja tanta diferença entre o trabalho de um letrista e de um poeta. Foi essa a conclusão que chegamos ao final da nossa roda de conversa. 
As crianças perceberam também que, embora alguns leiam poucos poemas, todos temos contato com a poesia por meio das letras das músicas. 
Durante a atividade, ao depararem com as letras de músicas conhecidas impressas no papel, uns foram logo cantando. Outros ficaram surpresos ao lerem a letra, com calma, e descobrirem novos significados e uma poesia nova naquele texto que eles já cantaram tantas vezes. 
De Emicida, a Jorge Mautner, passando por Ferreira Gullar, Criolo, Vinícius de Morais e Toquinho.
Sejam versos de Maracatu Atômico, Que país é esse?, Trenzinho Caipira, Rap do Silva ou Pesadão, não importa o estilo: 
Letra de Música (quase sempre) é Poesia!

Ainda assim, destacamos dois exemplos de recursos que são próprios de uma e de outra linguagem.
"Código" (Augusto de Campos)
Exemplo de poema concreto, com recursos próprios do texto escrito




"Vamos chamar o vento
Vamos chamar o vento
Vamos chamar o vento

(assovio)

Vento que dá na vela
Vela que leva o barco
Barco que leva a gente
Gente que leva o peixe
Peixe que dá dinheiro curimã

Curimã ê, Curimã lambaio
Curimã ê, Curimã lambaio
Curimã"

(Clique no link para ouvir a música e veja que os recursos da repetição e do assovio são próprios da linguagem musical)