quinta-feira, 22 de maio de 2014

Pra boi não dormir

Pra Boi Não Dormir

São 22:00 h... Tu és dez.
Desperta, em meu coração,
talvez durmas fora de mim.
Desconheço tuas noites
e tento estrangular meu ciúme.
Foda-se a minha vontade de te amar tanto!
Uma estrela espiona do céu
e ri-se do próprio medo,
depois que a claridade
roubada do sol, pela lua,
afugenta a chuva.
A poesia quer te dizer umas verdades...
Ei, eu tenho medo de chorar
diante de meu vizinho de cadeira de bar!
Eu tenho medo de denunciar
minha coragem de te amar, pra sempre...
Tenho medo da ilusão
de meu sentimento ser só tesão.
Letras embaralhadas tentam ecoar até acordar o sol.
Vontade de rir loucamente de minha indescritível dor.
Domingo último me disseste
que posso me arrepender de te amar além da conta,
mas o estado discutível do coração supera minha lógica.
E a astróloga me dirá, amanhã, pela rádio,
que escorpiano é recheado de paixão.
Eu, perto do fim,
com medo da sensibilidade extrema,
tento hibernar, no verão,
o palhaço choroso dentro de minhas entranhas.
Um besouro mergulhas às 23:30 h na minha cerveja.
A minha certeza, em botão, desprimavera.
O meu pulmão engole a neblina
de um maço de cigarros.

(Alice no País da Mesmice, 2000)

quarta-feira, 14 de maio de 2014

''PEQUENAS PALAVRAS''



Voar
(Diogo Jùnio)

Asas para voar
perto ou longe
em um horizonte
onde nada se esconde

Voar
Acreditar.
Crias as suas asas.

Voar
se esforçar
você sabe voar!
Voar, em pensamento
Voar, com seus sentimentos
Voar, com todos os sentidos
e com sorrisos coloridos.

Voar
para criar
cativar
voar para sonhar.

Voar,
de pés no chão. 

Voar
da melhor maneira:
Voar 
Com o coração.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Lamento Negro
(Maria Luzia Cardoso)

Foi declarado a toda nação
Acabou-se a escravidão
Mas até hoje eu não sei
Parte da sociedade
Não aceita essa igualdade
E não respeita essa lei.

O negro vive inseguro
Sem amanhã, sem futuro
Sofre desespero e desamor
Sem motivo perseguido
Como se fosse um bandido
Por causa da sua cor.

Em plena era do centavo
O negro continua escravo 
Em busca de libertação
Apenas mudou o cenário
Ele hoje é operário
E o sinhô se chama patrão.

É preconceito do nascimento à morte
O negro tenta mudar a sua sorte
Para viver e ser feliz
Com suor, trabalho e grandeza
Contribuiu com certeza
Para o progresso deste país.


(Poema de uma poetisa barranqueira. 

Nesta data os versos da Maria Luizia Cardoso traduzem o sentido de relembrarmos a abolição da escravidão. 
13 de Maio)

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Lança teu barco no mundo

Aprendi a andar nessas terras
Seguindo outro norte: o poente
Estradas de rio me levam
Me espreita o olhar de serpente
Daquele que inveja a coragem
De quem nem navega sozinho
E nem sequer teme a saudade
Do que não se traz na bagagem...
Do que ficou pelo caminho...
Lancei o meu barco no mundo
Levava apenas poentes
Que guardava numa algibeira
Junto com algumas sementes
De sonhos de uma vida inteira
O resto eu não carregava
E nada guardava comigo
Seguia o curso das águas
Que inventa o próprio caminho
E esquece o olhar de serpente
De quem só viaja vazio.
Voltei pelo curso do rio
Aprendi o caminho da volta
Buscando a raiz, a nascente
Já não tinha medo de nada
Da chuva ou da madrugada
Trazia na minha algibeira
Tudo o que colhi na ribeira
O rio embalava meu corpo
O vento embalava meu barco
E eu soube que não estive errado
Sonhei que a vida é um sonho
Aprendi a sonhar acordado!
Lança teu barco no mundo, viaja! (Rafael Oliveira - 2013

Meninice (Isabel Lopes)

Meninice 
(para a menina que mora dentro de cada mulher)
(Isabel Cristina Pereira Lopes)

Guarda contigo, menina, 
o sorriso maroto e sincero
que o tempo não lhe pode roubar.
Teças com os fios do tempo
A fofa caminha onde vais dormitar.
Leva contigo, menina,
As alvas manhãs que a vida não lhe pode tirar.
Esqueças o peso dos anos,
Dos dias somados,
Brinque com teus anseios a tanto tempo guardados.
Atende a vida que clama,
A sorte que brama,
A teu palpitar.
Sejas insana,
te esqueças da idade madura
Faças de conta que o tempo parou.
Faças de conta que o tempo que passa não é tão veloz
Agarre na crina dos dias e faças a vida ouvir tua voz.




domingo, 11 de maio de 2014

Café Cultural

 Grupo Baticundum abrindo os trabalhos da nossa tarde cultural
Percussão Corporal

 Presentes poetas, músicos, cantores, as crianças da percussão Baticundum, 
atores da CIA. Adramar e Grupo Mil Idéias, e tantos mais.
 Café combina com Poesia!
 Acima o poeta Edson Lopes e, na foto abaixo, o músico Edson "Cabelo"

 Mariângela Diniz recitando "Essa nega fulô", poema de Jorge de Lima.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Café Cultural


Gente da arte poética, musical e afins, compareça no ICAD, em Pirapora - MG a fim de que possamos traçar planos para novos rumos da literatura e demais artes do chão barranqueiro. Não deixe de comparecer. Sábado, 10 de maio de 2014.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Chico Buarque em dois tempos

Para quem duvida que letra de música também é poesia...
O Clube Literário Tamboril homenageia a poesia de Chico Buarque de Holanda em dois momentos diferentes.

Em Março de 2012, as mulheres da AFAP apresentaram o recital "Elas e Chico" em comemoração ao dia das mulheres.
No roteiro, letras de músicas de Chico Buarque e textos de Rômulo Sérgio.
(Imagens: Mansur)

Em 2014, durante o Sarau de Música e Poesia AFAP & Clube Literário Tamboril, a poesia de Chico Buarque aparece, dessa vez em forma de canção, na apresentação de Leonardo Caffé e Rafael Oliveira.
(Imagens: Orimar Santos)

"... mas devo dizer que não vou lhe dar
o enorme prazer de me ver chorar 
nem vou lhe cobrar pelo seu estrago 
meu peito tão dilacerado.
Aliás, aceita uma ajuda do seu futuro amor
pro aluguel
Devolva o Neruda que você me tomou
e nunca leu.
Eu bato o portão sem fazer alarde
eu levo a carteira de identidade
uma saideira 
muita saudade
e a leve impressão
de que já vou tarde"

(trocando em miúdos - Chico Buarque e Francis Hime)

Texto de Paulo Júnio Pereira

"Na beira desse rio mora tanta gente
e tanta gente que eu conheço já morreu...
Quando Deus quer buscar a gente
ele manda uma rede igual a rede do seu Manoel
e leva um tanto assim lá pra cima, que nem peixe.
Mas tem dia que ele pesca é de linhada,
pesca um, depois outro.
Mas na verdade meus amigos, 
o que eu queria dizer é que
no rio da vida é melhor nadar apaixonado 
e amar a cada instante
até que um dia a rede Ele decida jogar."

(Paulo Júnio Pereira)

(texto apresentado no Sarau de Música e Poesia AFAP & Clube Literário Tamboril)

Sonho barranqueiro 

(letra e música de Paulo Júnio Pereira)

Encontrei um buriti

perdido 
nas veredas do meu coração
partido
Saudade de você
Morena cor de tamarindo
Eu te amei aos pés de um tamboril
à tarde veio um bem-te-vi
que me assoprou seu nome
Meu belo anjo azul do rio...

Nas barrancas do São Francisco

Os homens pescam seus sonhos perdidos
Contam ledas e histórias vivas
Buritizeiro do São Francisco.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Imagens do Sarau de Música e Poesia AFAP & Clube Literário Tamboril


Com um cenário enaltecendo nossa cultura barranqueira, tivemos apresentações de grandes artistas da terra. Poetas, declamadores, músicos e pessoas inspiradas encheram o ar de poesia e sonho...

 No roteiro, tivemos um momento reservado para a poesia barranqueira.
 A literatura brasileira também teve seu espaço.

 A música coloriu a poesia e deu um toque ao sarau.



Sarau de Música e Poesia AFAP & Clube Literário Tamboril

De volta a minha terra

  (homenagem ao poeta Israel Pereira Mourão "Gardel")               

Petrolina em Pernambuco
Que da uva tira o suco
E  toda gente adora.
Mas um sonho lhe pertence
E o sonho do petrolinense 
É vir conhecer Pirapora.

Bahia com seus encantos
Terra de todos os santos
Onde o folclore aflora.
Também é bom que se diga
Que ama o rio que liga
Juazeiro a Pirapora.

Xiquexique das festanças
De quermesse, muita dança  
A alegria ali mora.
Sua gente aprecia
E sonha também um dia
Vir conhecer Pirapora.

E na Cidade da Barra
A poesia amarra
Versos por aí afora,
Falando do sertanejo
Que manifesta o desejo
De conhecer Pirapora

Em Bom Jesus da Lapa
Cumpre-se mais uma etapa
Onde a fé ali ancora.
Tem povo humilde e festeiro
Que cuida bem do romeiro
Que veio de Pirapora

Carinhanha tem suas lendas
Do boi-bumbá, boi calemba
A Burrinha, o Caipora
Que fazia amizade
 E dava felicidade
Quem fosse pra Pirapora.

Em Januária a marujada
É pelo povo cantada
Faz parte de sua história.
Grande canavial se acha
E lá se faz a cachaça
Que se bebe em Pirapora
  
Cidade de São Francisco
Tem potencial turístico
E seu povo comemora.
Desprovido de vaidade
O sonho desta cidade
É ser como Pirapora

São Romão fica bonito
Festa de são Benedito
Congada a Nossa Senhora
E lá se pesca o mandim,
O dourado e o surubim
Pra vender em Pirapora

Cachoeira do Manteiga
Cidade de gente meiga
Tanto senhor ou senhora
É o distrito primeiro
Da nossa Buritizeiro
Vizinha de Pirapora.

Querida Ibiai
Que fica perto daqui,
até hoje ainda chora,
Por julgar verdade o mito
Que seu filho mais bonito
Se mudou pra Pirapora.

Na Barra do Guaicui
Pais Lemes passou ali
Foi curta a sua demora.
Fernão Dias reclamava
Que a pérola que procurava
Estava em  Pirapora.

Co-irmã Buritizeiro
Com o seu povo ordeiro
Sempre, sempre colabora
E é de lá que se avista
E se ver como é bonita
A vista de Pirapora.

E esta cidade tão linda,
Adolescente ainda
Onde o  progresso aflora.
Hoje falamos sem risco, 
QUE A  RAINHA DO SÃO FRANCISCO
É sem dúvida PIRAPORA.

(Israel Pereira Mourão "Gardel")

TELEVINÃO!

Cansei de televisão
Agora tenho minha visão
E nada mais influencia minha opinião.

Passei a viver as coisas por fora da tela
Abri minha própria janela
E sou eu quem comanda 'ela'
Enfim: o protagonista da minha novela.

Nada de horário marcado,
Nem nada agendado
Assim, vou vivendo, sem ela, o inesperado.

(Livro Pequenas Palavras, 2013. Diogo Júnio)

Radical

Se é dor aguda
é na raiz do dente.
Raiz do cabelo 
se afaga com pente.

Tem raiz de planta
que a gente come.
Tem raiz que cura
quando a dor consome.

A raiz da gente
tá sempre por dentro
Quem não tem raízes
Tomba com o vento.

Será arrancado 
o mal pela raiz.
Da raiz quadrada 
à raiz da raiz.

Tem raiz profunda
Tem raiz que é rente
E quem não tem raízes
não produz sementes.

(Rafael Oliveira, 2014)