domingo, 5 de abril de 2015

Acordando Sonhos

Grande Geraldo Santana lançando mais um livro. Acordando Sonhos é o segundo livro do Geraldo. Textos cheios de inquietações e delicadezas. Um prazer para o Clube participar desse momento tão especial.

"ficar velho é o momento da transparência. cai a ilusão da força e ocorre o reencontro com a serenidade da criança a que a vida nos convida permanentemente a ser. não há tempo a perder. só nos resta o olhar poético, a coisa completa, a intensidade do momento intrínseco.  é comer o sabor dos morangos, dos caquis, das mangas, das laranjas, da seriguela, das melancias... sentindo-os.
é sonhar nas alegrias e nas utopias dos sonhadores, o muito amar enquanto acenamos o adeus de uma beleza que se adentra o crepúsculo de cores de um sol que se põe em instantes.
no compasso silencioso da tarde
do tempo que morde a vida
sem nada dizer
e se vai...
adentrando o espaço
onde a beleza e a tristeza se tocam
e o coração desejante                                                                                             
a indiferença animal vertical
e a vida é mistério
sei que ela é o presente belo
que se dá e se vai." 

(trecho do texto "Ser Velho", do livro Acordando Sonhos)
"o dia pára triste
como um campo solitário (ausente)
os homens da cidade (modernos)
finalmente cansados
de tanta monotonia
de tanta loucura.
param (  ) sem querer
com medo de perder.
amanhã novamente
pernas e mãos
rápidas como as formigas.
sem tempo
ajuntando os galhos rendidos
como renda de sua insidiosa devastação."

(trecho do texto "O destino das evoluções", do livro Acordando Sonhos)
"na vida se a gente não se sentir amado e não amar a gente sofre. e se a gente amar a gente sofre também porque cada abraço, cada beijo, cada presença, cada sorriso é, em si, o anuncio de uma despedida, de um adeus porque o amor é sacramento e não pode ser transformado em monumento. não terei mais aquele beijo da amada, aquela presença, aquele sorriso, aquele abraço transcendente do meu filho, não mais ouvirei a sua voz dizendo: papai, eu te amo até a lua, o que me emociona. choro e me desespero porque o tempo passa sem dizer nada. ai eu busco mais um e mais outro abraço, vou ao seu encontro, telefono.,.,  ouço a sua voz delicada serena e bela. e me apaixono, quero agarrá-la, ela me ilumina e se vai... com a alma cheia de dor da saudade, pego a caneta e escrevo, sou arte, transformo a dor em palavras para suavizar a saudade porque “a vida é um hiato fantástico de amor entre o nascer e o morrer”.                                          
quando te vi radiante
rosto sereno, belo, fascinante
alegria pura, simples e dourada
eu te amei.
amei em ti aquela imagem fugidia
infinitamente feliz na beleza que partia
hoje, vazio, vivo na saudade."

(trecho do texto "Sobre o amor II", do livro Acordando Sonhos)

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