À tua espera
(Dóris Álvares)
Quando o silêncio for um doce afago
das coisas lindas que não sei dizer
Quando esta alma que no peito trago
for poema demais pra eu conter...
Quando o meu mundo for, talvez, um céu
um pedaço de céu azul e lindo
Quando o meu verso salpicado ao léu
qual garoa de flores caindo
Quando eu me sentir assim num riso leve
Tão doce e puro, e simples e feliz
De tal maneira que não se descreve
no mais belo dos versos que fiz...
Quando eu colher ao longo do caminho
os momentos de luz e de esplendor
Façam silêncio, falem bem baixinho
Eu te encontrarei e tu seras AMOR!
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Canção de minha gente
(Dóris Álvares)
Canta o rio e lentamente vai rumando para o mar
Em seu barco, um barqueiro vai remando a cantar:
"Rumo ao mar dessas tristezas já não posso mais remar
ôÔ, Sinhô!
ôô, Sinhá!
O barqueiro nasceu pobre, de que vale se queixar?"
E bem junto à cachoeira, num constante murmurar,
Lavadeira vai lavando sua roupa a cantar:
"Lavo as mágoas de minh'alma, já não posso mais chorar!
ôÔ, Sinhô!
ôô, Sinhá!
Lavadeira nasceu pobre, de que vale se queixar?"
Morre o dia, nasce a noite, vem a aurora a despontar
Pescador, lançando a rede, passa as horas a cantar:
"Lanço a rede, colho pranto, já não posso mais lutar!
ôÔ, Sinhô!
ôô, Sinhá!
Pescador já nasceu pobre, de que vale se queixar?"
Velho Rio, se eu te canto, tu também sabes cantar
E ensinaste a minha gente a sofrer sem lamentar
Tu que cantas, velho Rio, me ensinaste a não chorar!
ôÔ, Sinhô!
ôô, Sinhá!
Minha gente nasceu pobre, de que vale se queixar?
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Baile
(Dóris
Álvares)
Orquestra
de risos
de
sonhos e guizos
perdidos
no ar!
E
a vida cantando,
cantando
e valsando
E
o mundo a bailar!
Acendem-se
as velas
de
estrelas tão belas
dos
mil candelabros
suspensos
no céu...
E a vida cantando,
cantando
e valsando
Fazendo
escarcéu!
Sereno
caindo...
fininho...
fininho...
Enchendo
de vinho
de
orvalho a flor.
E
a vida cantando,
cantando
e valsando
nos
braços do amor.
A
brisa que passa,
tão
cheia de graça,
servindo
carícias
na
sua baixela.
E
a vida cantando,
cantando
e valsando
tão
doce e tão bela!
Já
é madrugada...
já
o dia se fez...
a
tarde passou...
é
noite outra vez!
E
o mundo a bailar
E
a vida cantando,
cantando
e valsando
sem
jamais parar!
Dirás
que é loucura
dirás
que é mentira
Que
canta essa lira
um
sonho falaz
Mas,
tranquilamente,
Direi
tão somente:
Ama,
e verás!
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